Um dos sábios que orientavam minha geração, tornando o mundo mais verossímel, era Marshall McLuhan. Ele me avisou que o Mundo era uma Aldeia Global, cada dia mais aldeia graças à rapidez dos transportes e instantaneidade da comunicação.
Só não me avisou da extinção da sabedoria, substituída pela abundância de informação.
Nem me alertou que nessa aldeia viveriam seres que retornaram a estados mentais primários e primitivios.
Em seus últimos dias, o mestre concluía, horrorizado, que não houve a Globalização do Mundo.
Aconteceu a Americanização do Planeta.
Assim como uma marcha adota o ritmo do mais fraco de seus integrantes, todo o grupo é forçado a ser igual ao mais forte dentre eles.
Paralelo a esse fenômeno, o Brasil vê acontecer a RioSaoPaulização do Brasil.
Palavra feia? O riosaopaulizado resiste como qualquer traumatizado fugindo da dor.
Consumindo seus produtos, seja culturais ou de subsistência. Aceitando sem pensar seus heróis e celebridades. Ouvindo sem trégua sua mesma Música Popular Brasileira feita no Rio e em São Paulo. Adotando suas fórmulas, rejeitando seus vilões. Pagando dez vezes mais para ouvir o mal-envelhecido cantor e os zumbis que o acompanham.
Recusamos pensar, esquecemos nossos poetas e abandonamos nossas fórmulas.
Desistimos.
* * * * * comentário inteligente * * * * *
Mas tem uma coisa muito pior acontecendo: a saopaulização do carnaval carioca.
Veja como a estética chapada e industrial de São Paulo invadiu a estética antes cheia de texturas e detalhes do Rio de Janeiro.
Até você é capaz de ver isso.
Compare qualquer igreja carioca com as igrejas paulistas.
Todas as igrejas de São Paulo, do mosteiro de São Bento à Catedral da Sé, parecem um galpão de fábrica. Paredes nuas com uma ou outra figura, a Via Crucis e um e outro desenho discreto. A pessoa se sente um operário lá dentro.
Nas igrejas cariocas é total abundância de altos e baixos relevos, florzinhas, anjinhos, texturas, detalhes arquitetônicos, tudo espalhado em cada centímetro quadrado gloriosamente barroco.
E essa diferença era evidente no desfile de carnaval.
Mas isso é coisa do passado. A cada ano que passa o carnaval carioca se parece mais com o carnaval paulista.
É o carnaval com temas marketeiros, projetado no computador, industrializado e "disponibilizado" para o mercado.
Blocos de cores chapadas com fantasias insossas. Carros sem arte e apenas decorativos, cheios de celebridades deslocadas no meio da nudez sem propósito. Tudo feito por molde e regramento.
É a arte popular por atacado.
Isso sim é que é triste.
Queria ser Joãozinho Trinta e poder falar isso para todo mundo ouvir.
assinado: carioca da gema anônimo.
Só não me avisou da extinção da sabedoria, substituída pela abundância de informação.
Nem me alertou que nessa aldeia viveriam seres que retornaram a estados mentais primários e primitivios.
Em seus últimos dias, o mestre concluía, horrorizado, que não houve a Globalização do Mundo.
Aconteceu a Americanização do Planeta.
Assim como uma marcha adota o ritmo do mais fraco de seus integrantes, todo o grupo é forçado a ser igual ao mais forte dentre eles.
Paralelo a esse fenômeno, o Brasil vê acontecer a RioSaoPaulização do Brasil.
Palavra feia? O riosaopaulizado resiste como qualquer traumatizado fugindo da dor.
Consumindo seus produtos, seja culturais ou de subsistência. Aceitando sem pensar seus heróis e celebridades. Ouvindo sem trégua sua mesma Música Popular Brasileira feita no Rio e em São Paulo. Adotando suas fórmulas, rejeitando seus vilões. Pagando dez vezes mais para ouvir o mal-envelhecido cantor e os zumbis que o acompanham.
Recusamos pensar, esquecemos nossos poetas e abandonamos nossas fórmulas.
Desistimos.
* * * * * comentário inteligente * * * * *
Caro Agente Sentimental
Acredito que essa sua análise está uns vinte anos atrasada.
Até podia ser que São Paulo fosse o modelo do Brasil, mas isso é passado.
Naquele tempo, os produtos que voce consumia eram todos feitos em território paulista, de carros a bolachas. Mas, hoje, o Paraná fabrica carros, alimentos e todas as outras coisas. Igual a Minas e Bahia.
Até podia ser que o Rio de Janeiro fosse o berço de toda a MPB, mas isso já era, só se o funk agora tambem é MPB.
Veja como a estética chapada e industrial de São Paulo invadiu a estética antes cheia de texturas e detalhes do Rio de Janeiro.
Até você é capaz de ver isso.
Compare qualquer igreja carioca com as igrejas paulistas.
Todas as igrejas de São Paulo, do mosteiro de São Bento à Catedral da Sé, parecem um galpão de fábrica. Paredes nuas com uma ou outra figura, a Via Crucis e um e outro desenho discreto. A pessoa se sente um operário lá dentro.
Nas igrejas cariocas é total abundância de altos e baixos relevos, florzinhas, anjinhos, texturas, detalhes arquitetônicos, tudo espalhado em cada centímetro quadrado gloriosamente barroco.
E essa diferença era evidente no desfile de carnaval.
Mas isso é coisa do passado. A cada ano que passa o carnaval carioca se parece mais com o carnaval paulista.
É o carnaval com temas marketeiros, projetado no computador, industrializado e "disponibilizado" para o mercado.
Blocos de cores chapadas com fantasias insossas. Carros sem arte e apenas decorativos, cheios de celebridades deslocadas no meio da nudez sem propósito. Tudo feito por molde e regramento.
É a arte popular por atacado.
Isso sim é que é triste.
Queria ser Joãozinho Trinta e poder falar isso para todo mundo ouvir.
assinado: carioca da gema anônimo.
*********comentário estúpido**********
Senhor Agente Sentimental
Primeiro, sem sentimentalismos! O Brasil já está cansado da ditadura política, econômica e cultural que vem de São Paulo e do Rio de Janeiro!
É preciso dar um BASTA nessa servidão!
O nosso movimento separativista tem exatamente essa função: criar um Estado Soberano no Sul.
Junte-se a nós para somar forças e mentes que hão de criar um novo País, livre do fardo de regiões sub-desenvolvidas, com novas e mais severas leis contra a impunidade, senhor e fruidor de suas riquezas.
E como se não bastasse, ainda temos que engolir a arte vadia que vem da Bahia!
assinado: pampeiro anônimo
Nunca li tanto preconceito num discurso de ódio tão pequeno neste último comentário. Sou da Bahia e também me preocupo com a perda da identidade cultural da minha região, mas sou contra o preconceito regionalista ou de qualquer outra natureza. A SãoPaulização" é um problema para nós também.
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