terça-feira, 30 de junho de 2009

Poderes em Guerra - Relatório

SINOPSE
Quando o Poder Legislativo
entra em conflito com o
Quarto Poder, a Imprensa.
Cheguei aqui faz pouco tempo. Estava longe, distante de tudo e de todos, não importa agora de onde vim. Interessa apenas relatar tudo aquilo que tenho visto e me deixa estarrecido, pois cheguei no meio de uma Guerra encarniçada, sangrenta e não declarada entre distintos Poderes do Mundo.
Fui cair no continente sul da América, num vale estrelado e frio, no meio da noite seca. Minha chegada atraiu uma tragédia? Um homem bêbado dirigia alucinado e tomado de prepotência, sociopata ao estilo de todos os de sua classe, matou outros dois homens que pelo Acaso se postaram à sua frente. Foi por império do Provável, agente forjador de liames entre Destinos Comuns, aqueles traçados entre indivíduos que freqüentam madrugadas perigosas construtoras de Fatalidades, ondes e quandos sem vítimas inocentes.
Foi escaramuça de fronteira ou batalha franca? Um deles era originário e mandatário do poder Legislativo. Jovem e poderoso, nascido em cidade média onde sempre foi tratado e se comportou como príncipe, dirigia veículo dispendioso e poderoso por caminhos que julgava lhe pertencerem por direito, como todo o resto. Herdeiro de um verdadeiro feudo, com raízes em amplas concessões de terras que se tornaram urbanas e garantiram a seus antepassados fortuna crescente e sem esforço, tinha tempo e dinheiro assegurado para continuar o caminho de muitos de sua família e assim juntar Poder para aumentar Fortuna. Se assim desejava, permanece o mistério. Se resultou lucidez a sua boa educação, alimentação ideal e conforto, poderosos sentimentos de revolta podem ter motivado seu comportamento rebelde, prepotente e, em última instância, homicida. Assim espero, na esperança de encontrar justificativa para a Insanidade. Que lá no fundo sob o verniz de parlamentar, sob a couraça do príncipe herdeiro, sufocado sob uma formação contrária a seus interesses íntimos, ressurja-se uma natureza completamente diferente que bate nas grades com os punhos nus, incendeia os colchões, arremete de cabeça contra a parede e grita tão forte e tão desesperado que não é ouvido nem por ele mesmo.
Os dois outros saiam juntos de um divertimento ingênuo. Um deles, tinha laços por nascimento com outro Poder influente em sua Sociedade, membros atuantes entre profissionais dedicados à comunidade da Informação, homens de Imprensa e Comunicação. Ambos tiveram vida e educação dentro de padrões médios, o que é muito numa sociedade com diferenças extremas entre as classes sociais. Como membros dessa classe, contavam com o apoio de muitos de seus iguais, numericamente superiores e eleitoralmente mais influentes do que os membros do Legislativo. Também prepotentes dentro de seus limites, mas com efeitos menos dramáticos.
Todos eles, ainda Filhos. Morando com os Pais, para deles usufruir proteção e conforto. Confiantes na invulnerabilidade, na defesa de seus erros e na superestimação de seus acertos, como a maioria dos machos jovens de seu tempo, independente da condição social de cada um deles.
A partir do evento, as armas de cada Poder foram acionadas. O Legislador sufocou a divulgação de dados relevantes, impondo segredo e silêncio junto aos servidores da Segurança Pública e da Saúde sob sua égide. A imprensa pressionou para obter junto aos muitos informantes os fatos reais. O outro lado mascarou evidências e criou fatos falsos, procurando seu aliado Executivo. A imprensa reagiu com a reunião de informações cada vez mais genéricas e criou interpretações exageradas para forçar o surgimento de verdades mais coerentes. O Legislador revidou com contra-informação, silêncio e confiança em suas prerrogativas inexpugnáveis. A imprensa movimentou a opinião pública, pressionou o Poder Judiciário, em duelos diários, com lances de esperteza de um e de outro lado, diariamente.
Ao fim, o Legislador renuncia e aparentemente se submete, disfarçando-se de homem comum, confiante que o desenrolar futuro dos acontecimentos amenizará as conseqüências da tragédia, recuando e reorganizando suas fileiras.
Não há conclusão nem juízo para o episódio, apenas sua crônica. Portanto, não importa a voz crítica das pessoas do povo que murmura saber quem era o segundo piloto do outro carro que participava do RACHA, mas não consta dos radares da região. Que não deixa morrer o boato de que era a única autoridade com poder necessario para fazer sumir esses registros.

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