Se alguém me procura: estou aqui!
Pedro José Flores Mathias Tebinka Pinto de Carvalho Malanski
é a ponta do iceberg de minha genealogia e só o mais tenro e recente ramo duma
árvore metafórica.
E quem carregar qualquer desses nomes pode me pedir simples pousada
ou que eu desça ao inferno em seu auxílio.
Sou o resultado de centenas de encontros inesperados, mas
sei exatamente de onde vim, sei precisamente para onde vou e me conheço por
inteiro.
Por Pedro pode me chamar, se acaso nos vimos além de uma só
vez, pois é nome leve e não me compromete.
O José foi invenção do padre que me batizou, agregando mais de um santo ou decerto
intuindo minha necessidade de fazer com as mãos, mas nunca integrou meu nome
oficial.
O Flores teve minha bisavó celestina, Mariquinha, cabelos
brancos até os pés, violão entre os braços, falando diretamente com Deus a
balançar crochês delicados, absoluta e poderosa doçura. Lá atrás, carregava ela
histórias de maçonarias em Morretes e derradeiras ações de caridade.
O Mathias ostentava minha avó natureza, tão Maria também,
cabelos negros assim guarani, toda um cajado, enxada ou segadeira, rija e
forte, moldando a terra e as estações para perenemente colher qualquer fruto, essa
maga dos remédios e de todos os mistérios perdidos da natureza. Qual o seu mistério
e qual seu destino se permanecesse em Liepzing seu antepassado judeu?
O Tebinka trouxe minha avó realeza, Cecilia, dama dos pães,
doces, costuras e etiquetas, rainha das festas e comemorações, artesã de
elaborados presépios e pessoas. Muito além em seu passado, um cocheiro do
imperador austríaco olha para além do dorso de corcéis imponentes.
O Pinto de Carvalho não ficou em meu nome cartorial, que se
fosse também o José seria como o de meu avô, denunciando esses judeus rebelados,
fugidos primeiro de Napoleão, depois dos separatistas de Portugal e até hoje
avessos à política.
Vigora sobre os outros o Malanski, de meu avô guerreador, enorme, para quem eu olhava e imaginava capaz de todos os atos de gigante.
Vigora sobre os outros o Malanski, de meu avô guerreador, enorme, para quem eu olhava e imaginava capaz de todos os atos de gigante.
Cada memória genética de cada um deles vibra em cada fibra
de meus tecidos e ossos, gritando os eventos traumáticos gravados fundo em suas
vidas.
É um efeito colateral da lucidez, recordar as experiências
acumuladas de cada memória genética que me constrói.
Os amores, decepções, abandonos – ah! os abandonos! – erros e
alegrias de uma hoste de homens e mulheres, talvez desde o primeiro lampejo de
consciência de um certo peixe no mar primordial.
A maioria, coisa bonita, pois ainda eram jovens quando se reproduziam.
N´outras vividas, tinha outras nominações.
Pude até hoje viver sendo todas as raças da face da Terra, pois aquele que Sou migra eternamente e frui de cada conjunto biológico.
A maioria, coisa bonita, pois ainda eram jovens quando se reproduziam.
N´outras vividas, tinha outras nominações.
Pude até hoje viver sendo todas as raças da face da Terra, pois aquele que Sou migra eternamente e frui de cada conjunto biológico.
ES-PE-TA-CU-LAR!!!
ResponderExcluirJamais me lí assim. Nunca cogitei em amontoar sobrenomes e obter tanta vida.
Me senti com 500 anos. Um highlander!!!
Obrigado.