quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Meu nome é Pedro José Flores Mathias Tebinka Pinto de Carvalho Malanski



Muito Prazer!

Se alguém me procura: estou aqui!

Pedro José Flores Mathias Tebinka Pinto de Carvalho Malanski é a ponta do iceberg de minha genealogia e só o mais tenro e recente ramo duma árvore metafórica.

E quem carregar qualquer desses nomes pode me pedir simples pousada ou que eu desça ao inferno em seu auxílio.

Sou o resultado de centenas de encontros inesperados, mas sei exatamente de onde vim, sei precisamente para onde vou e me conheço por inteiro.

Por Pedro pode me chamar, se acaso nos vimos além de uma só vez, pois é nome leve e não me compromete.

O José foi invenção do padre que me batizou, agregando mais de um santo ou  decerto intuindo minha necessidade de fazer com as mãos, mas nunca integrou meu nome oficial.

O Flores teve minha bisavó celestina, Mariquinha, cabelos brancos até os pés, violão entre os braços, falando diretamente com Deus a balançar crochês delicados, absoluta e poderosa doçura. Lá atrás, carregava ela histórias de maçonarias em Morretes e derradeiras ações de caridade.

O Mathias ostentava minha avó natureza, tão Maria também, cabelos negros assim guarani, toda um cajado, enxada ou segadeira, rija e forte, moldando a terra e as estações para perenemente colher qualquer fruto, essa maga dos remédios e de todos os mistérios perdidos da natureza. Qual o seu mistério e qual seu destino se permanecesse em Liepzing seu antepassado judeu?

O Tebinka trouxe minha avó realeza, Cecilia, dama dos pães, doces, costuras e etiquetas, rainha das festas e comemorações, artesã de elaborados presépios e pessoas. Muito além em seu passado, um cocheiro do imperador austríaco olha para além do dorso de corcéis imponentes.

O Pinto de Carvalho não ficou em meu nome cartorial, que se fosse também o José seria como o de meu avô, denunciando esses judeus rebelados, fugidos primeiro de Napoleão, depois dos separatistas de Portugal e até hoje avessos à política.

Vigora sobre os outros o Malanski, de meu avô guerreador, enorme, para quem eu olhava e imaginava capaz de todos os atos de gigante.

Cada memória genética de cada um deles vibra em cada fibra de meus tecidos e ossos, gritando os eventos traumáticos gravados fundo em suas vidas.

É um efeito colateral da lucidez, recordar as experiências acumuladas de cada memória genética que me constrói.

Os amores, decepções, abandonos – ah! os abandonos! – erros e alegrias de uma hoste de homens e mulheres, talvez desde o primeiro lampejo de consciência de um certo peixe no mar primordial.

A maioria, coisa bonita, pois ainda eram jovens quando se reproduziam.

N´outras vividas, tinha outras nominações.

Pude até hoje viver sendo todas as raças da face da Terra, pois aquele que Sou migra eternamente e frui de cada conjunto biológico.

Um comentário:

  1. ES-PE-TA-CU-LAR!!!
    Jamais me lí assim. Nunca cogitei em amontoar sobrenomes e obter tanta vida.
    Me senti com 500 anos. Um highlander!!!
    Obrigado.

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