quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Respeitar, Cuidar e outras inversões de valores

Todos nós concordamos que esse planeta Terra no ano 2012 é patético.

Observado em profundidade, atingiu um estágio previsível. A fase da inversão de todos os valores e corrupção de todos os ideais.

Desde suas pequenas atividades cotidianas, até os eventos globais mais abrangentes, todos os habitantes sempre fazem a escolha óbvia entre o CERTO e o FÁCIL,optando sempre pelo caminho mais livre e a opção que lhes seja mais prazerosa.

Vai aí alguns exemplos.

TRAFEGANDO

Para locomoção entre a casa e o trabalho, para o lazer, aquisição de gêneros, para a escola e compromissos sociais, usam diversos meios de transporte pelos caminhos comuns (ruas) de suas cidades.

Nesta circunstância, revelam-se e expõem-se.

O PEDESTRE

Começando por aqueles mais frágeis que se locomovem por meios naturais, andando, percebemos que não respeita regras básicas de sobrevivência. Percorre qualquer espaço sem cuidado e utilizando aparelhos que diminuem sua atenção e espera que os outros meios de transporte o respeitem por sua fragilidade.

Sendo o mais frágil cabe a esse "pedestre" respeitar todos os outros meios de transporte.

O CICLISTA

O seguinte na hierarquia do trânsito é o CICLISTA, aquele que usa meios mecânicos movidos por seu esforço muscular. Usa todos os espaços disponíveis para trafegar. Pelas calçadas destinadas a separar as casas das ruas e que ocasionalmente são usadas pelos pedestres;
pelas ruas destinadas a uso dos veículos movidos a motor de combustão, sendo praticamente ilimitado o seu acesso a todos os locais públicos e privados.

Para corroborar sua atitude, costuma invocar seu "direito de ir e vir", que seu modal é não poluente e sustentável, e espera o respeito dos outros meios de transporte acima dele na hierarquia.

O MOTOCICLISTA

Meio de transporte em duas rodas, movido a motor de combustão de combustível fóssil, trafega por todos os caminhos usados pelo ciclista, quando está legalmente limitado ao uso das ruas. Por estar exposto ao ambiente, é considerado frágil e espera igualmente o respeito dos automóveis e demais veículos de grande porte.

Em outros tempos era considerado um transporte ágil, com apelo até mesmo romântico, mas atualmente é utilizado pelas classes sociais que não tem acesso a veículos de maior valor.

Seus argumentos principais são: paga impostos como qualquer outro veículo, circula livremente entre os demais veículos e exige essa prerrogativa, exigindo o respeito de todos os outros meios de transporte e não respeitando nenhum. 

 O MOTORISTA

Veículo de quatro rodas movido a motor de combustão. Modal dominante, é meio de transporte individual ou de pequenos grupos, agregando velocidade, relativa proteção ao meio e privacidade. Está limitado a circular nas ruas ou vias públicas.

Sua atitude básica consiste em exigir o respeito de veículos maiores e absolutamente não respeitar nenhum outro meio de transporte.

ÔNIBUS COLETIVO

Veículo de grandes dimensões, com capacidade para levar grande número de pessoas, normalmente subsidiados pelo poder público.

Circula exclusivamente pelas ruas e mesmo em vias exclusivas para seu uso e invoca a suprema prerrogativa de ser um transporte público com perfil popular.

Revestido de grande importância social, não está sujeito às regras e leis normais. Raramente obedece à sinalização e impõem sua presença por seu volume agressivo.

RESPEITAR E CUIDAR

Em qualquer agrupamento de seres vivos, sempre prevaleceu a regra báscia de RESPEITO AOS MAIORES E MAIS VELHOS.

Um ser vivo agregado a outros sempre respeita aquele que é mais forte, com o qual se relaciona com cuidado para não gerar conflito e choque, uma vez que é grande a possibilidade de sofrer ao enfrentar alguém que é mais corpulento ou está melhor armado.

Em qualquer sociedade, sempre é repeitada a sabedoria e a autoridade daquele que é mais velho ou tem mais conhecimento, pois é grande a probabilidade de que seu conhecimento e sua experiência lhe dê maior vantagem em qualquer confronto.

Assim, o menor respeita o maior, o mais fraco respeita o mais forte, o mais burro respeita o mais inteligente.

Enquanto isso, O MAIS FORTE CUIDA DOS MAIS FRACOS.

Numa sociadade qualquer, os adultos cuidam das crianças, os mais fortes cuidam dos mais fracos, os mais sadios cuidam dos mais doentes. Se o mais forte abusa do seu poder, vai causar a organização dos fracos contra si. É inexorável.

Mas, cuidar dá trabalho. É preciso estar atento à sua volta, reduzir seu ritmo para atender aos mais lentos e frágeis e, acima de tudo, possuir a humanidade dentro de si.

Assim, é mais fácil exigir que o outro cuide de você.

É mais fácil esperar que o ciclista e o motociclista trafegue apenas onde lhe é permitido e na velocidade razoável.

É sempre mais fácil exigir que os maiores respeitem os menores que não respeitam ninguém.

Mas não é NATURAL.

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