terça-feira, 10 de agosto de 2010

O Herói de Pandora


Nossos rapazes em Pandora não morreram em vão.

Na tarde de ontem, chegou finalmente em casa o maior herói da batalha de Pandora, passados 25 anos do dia em que tombou em defesa dos mais puros ideais humanos. Seus restos mortais vieram de uma lua ao redor do gigante gasoso de Alpha Centaury, confins do espaço sem maior importância, não fosse o precioso metal unobtanium. Por capricho da sorte só existe ali. Seus restos mortais foram resgatados pela Cruz Vermelha Espacial e sua filha os recebeu no Porto da Ilha da Páscoa. Era uma menina de 8 anos quando viu seu pai pela última vez, saindo de casa e prometendo voltar décadas depois, para realizar um trabalho que nenhum outro homem poderia encarar.

Selvagem e deconhecido, mas necessário à sobrevivência de nosso próprio planeta, Pandora escondia horrores inimagináveis a qualquer humano. Restou ao bravo Coronel Miles Quaritch a missão de enfrentá-los, garantindo a segurança dos homens e mulheres de boa vontade que foram àquele planeta mortal cheios de sonhos mas só encontraram pesadelos. Durante anos, procuramos levar aos nativos os benefícios de nossa civilização, nossa medicina e cultura, mas pemaneciam em estado de barbárie e apego a superstições obscuras que envolviam sacrificios dos de sua própria espécie e cultos politeístas semelhantes aos antigos Maias que floresceram na América Central no século 12. Cofirma Parker Selfridge, administrador da mineradora em Pandora: "nossa preocupação com a prospecção sustentada de unobtanium incluía investimentos maciços no reflorestamento, remanejo de nativos para casas limpas e confortáveis e escolas para as crianças, mas eles mesmos destruiam tudo e voltavam para as árvores".
Até hoje, o relato dos sobreviventes e as investigações das autoridades ainda não explicaram o que aconteceu exatamente em Pandora. As conseqüências, contudo, foram catastróficas. Mais de trezentos soldados mortos e centenas de feridos. Bilhões em instalações científicas, anos de trabalho perdidos, culminando com o corte no fornecimento de unobtanium. Há vinte anos, o metal não é prospectado em Pandora. Muito usado em equipamentos médicos de precisão, próteses biocibernéticas, naves de curso interestelar, fonte de energia limpa renovável, a falta desse metal fez nossa tecnologia regredir cem anos. Aqueles que viam nesse fantástico elemento a solução de quase todos os nossos problemas, estão desolados.

Se a Batalha de Pandora, que expulsou provisoriamente o Homem daquela lua, foi uma tragédia, Miles Quaritch é a garantia de que a raça humana jamais será humilhada. Ele liderou um punhado de bravos soldados, isolados a mais de seis anos de viagem no espaço, contra o que pensou ser nada mais que um grupo de selvagens rebeldes. Contudo, parece ter se chocado contra um planeta inteiro. "Os animais investiam contra nós como se soubessem o que faziam, foi uma loucura", disse o soldado Edmund Stern, cujo braço foi decepado por um animal na batalha.

Miles Quaritch lutou com as poucas armas que tinha, depois com as mãos nuas, para perecer só e desarmado com o peito crivado de flechas. Lutou praticamente sozinho contra um planeta inteiro, habitado por nativos de quatro metros de altura e feras invulneráveis e foi uma luta invencível, por maior que fosse sua bravura. Annie Marie Quaritch Saldaña, leu entre lágrimas a última carta de seu pai. Falava da saudade que sentia pela filha que não via há dez anos, imaginando-a quase adulta e lamentando não estar junto dela quando ingressou na Universidade de Santiago. Falava do confinamento em que vivia, a salvo da atmosfera venenosa, do perigo constante das flechas dos nativos, mas nunca contou sobre o confronto com uma fera de Pandora que desfigurou seu rosto em seu primeiro dia no planeta, sempre querendo preservá-la. São palavras do pai amoroso e também do soldado disciplinado.

Miles Quaritch Saldaña, que insiste em ser chamado de Tenente Quaritch, afirma, ainda segurando a Medalha de Honra Mundial recebida em nome do avô: integrará a força pacificadora rumo a Pandora daqui a três dias.

Deus os proteja, heróis da Terra!

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